quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Liberdade

Semana passada estive em São Paulo e aproveitei para dar uma volta na Liberdade, menos por mim, que ainda amargava uma ressaca dos excessos do dia anterior, mais por estar acompanhada por uma amiga que ia pela primeira vez a São Paulo.

É MUITO, mas MUITO difícil resistir às compras naquele lugar. Pior ainda por estar cheio de cerâmicas lindas, muito mais do que nas outras vezes em que lá estive. Sinceramente, se alguém fala de compras em São Paulo, o lugar que pisca na minha cabeça é o bairro da Liberdade, muito mais que 25 de março ou qualquer shopping da moda. Mas eu resisti. Bravamente. Cheguei a  dar voltinhas com uns pratinhos de cerâmica na mão, mas devolvi à prateleira. Comprei um sal rosa do himalaia made in Africa do Sul, para dar uma bossa nas comidinhas e não sair de mão abanando. Mais biscoitos pro namorado e colheres de pau de bambú que minha mãe tinha encomendado para o dia em que eu lá voltasse. Foi doído.

Num outro dia eu acompanhei minhas amigas ao museu da Língua Portuguesa e dei uma volta rápida na Pinacoteca. Procurei as lojinhas dos museus só para dar uma conferida, claro, e que decepção! A lojinha do museu da Língua não existe mais. E a da Pinacoteca é um horror, só tem itens bobos, caneta, caneca, imã e eco bag, além de uns livros cansados.

No dia em que fomos à Oca ver a exposição The Little Black Jacket, linda por sinal, tentamos passar no MAM, mas tinha acabado de fechar. Quando estava passando ali por fora deu pra dar uma espiada na lojinha do MAM, que me pareceu melhorzinha do que a da Pinacoteca, mas duvido que seja algo como os museus dos EUA ou da Europa. Tá, não estou comparando a pinacoteca ao Louvre, mas o museu do Sexo em NY tem uma sex shop bem bacana no térreo e é um museuzinho bem chinfrin (embora interessante).

E como a gente acaba arranjando subterfúgios para dar aquela consumidazinha básica, comprei um presente de natal pro namorado na Livraria Cultura. Um presente bacaninha que eu não imaginaria nem procurar, daquelas coisas que se não existisse eu ia querer que existisse e ia procurar sem sucesso.


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Imunidade

Não comprar passou a significar ignorar. No início eu pensei que fosse significar sacrifício. Mas foram pouquíssimas vezes em que me encontrei lamentando não poder abrir a carteira por um compromisso comigo mesma.

A imunidade ao consumo, principalmente de coisas pequenas, como roupas, sapatos, acessórios e maquiagem é tamanha que pela primeira vez na vida eu não sei o que está na moda, perdi completamente este referencial.

Estive com meu namorado em Parati - RJ, no último final de semana e, mesmo podendo comprar uma lembrança de viagem, não vi razão em comprar nada de lá, não sei se porque o que eu vi não me impressionou (ao contrário de Tiradentes, que tem artesanatos lindos), ou se eu realmente estou imune ao impulso de comprar.

A experiência tem sido mais interessante e menos sacrificante do que eu imaginava.

Apenas uma coisa me preocupa: as roupas de verão. Como lavam muito, elas acabam rápido. E eu comecei o projeto sem um "estoque" suficiente. Mas não vou usar isso como argumento e vou tentar ao máximo não comprar nada. Só não posso trabalhar com roupa surrada. Esse então será o limite. 


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Eu, meu pai, Regina e uma possível opinião da minha mãe

Ontem eu passei por uma loja de móveis usados e vi um armário de porta de correr, feito de sucupira, que é uma madeira boa, em EXCELENTE estado. Por mil e duzentos reais.

Um armário deste, novo, está custando em torno de dois a três mil reais.

Há um tempo atrás eu cogitei comprar um armário deste pois sofria falta de espaço para cobertores e edredons. E seria bom um armário em que eu pendurasse meus casacos compridos e eles não ficassem amassados, pois no que eu tenho a parte de pendurar roupa tem altura de camiseiro.

Só que ano passado a minha cama quebrou, eu comprei uma box baú e hoje, se o armário estiver arrumado (quase sempre está), até sobra espaço.

Aí, primeira coisa quando vi o armário foi ligar pro pai. "Alô, pai, vi um armário..." "Nossa, Amélia, eu acho excelente. Está mesmo em bom estado?" "Sim, pai, está perfeito. Mas eu não estou precisando de um armário. Seria uma oportunidade boa de por um armário naquele quarto do meio..." "Faz uma coisa, liga pra sua mãe." "Ah não vou ligar não. Minha mãe vai dizer que é pra comprar porque é uma boa oportunidade e eu ainda não me convenci de que eu preciso dele." Meu pai riu, é claro, e disse que era pra eu pensar até amanhã. Mesmo porque um armário daquele não ficaria por muito tempo na loja.

Desliguei o telefone e contei do armário e da conversa para Regina, que é companheira de trabalho, anjo da guarda, mãe, educadora, cérebro, arquivo... Regina é tudo de bom. Aí ela me pergunta: "Mas você está precisando do armário?" E eu digo "Não." "Então por que você vai comprar?" "Porque é uma oportunidade." "Ah, então você está pensando igual a sua mãe."

Ponto. Fim de conversa. Não vou comprar o armário.

A questão não é concordar ou não com minha mãe, que é bem sensata até, e não é só ela que tem essa coisa de oportunidade, mas meu pai também tem, sendo que ele consome como homem - brinquedos mais caros e mais duráveis. É a ideia da OPORTUNIDADE. A ideia da oportunidade nos é apresentada como se fossemos perder algo muito valioso se deixarmos de comprar uma determinada coisa. É difícil pensar em necessidade quando se está diante de uma oportunidade. Nem sempre compra por oportunidade é uma compra burra. Já me arrependi MUITO de não ter comprado quando tive oportunidades boas de preço, de tamanho, de exclusividade.

Mas eu não preciso do armário. Definitivamente eu não preciso do armário. E se amanhã eu precisar, eu dou um jeito e compro um. Mas hoje, eu não preciso. E também não preciso encher minha casa de coisas que talvez um dia eu precise. Dosar oportunidade e necessidade pode ser uma boa saída para consumir menos.