sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Eu, meu pai, Regina e uma possível opinião da minha mãe

Ontem eu passei por uma loja de móveis usados e vi um armário de porta de correr, feito de sucupira, que é uma madeira boa, em EXCELENTE estado. Por mil e duzentos reais.

Um armário deste, novo, está custando em torno de dois a três mil reais.

Há um tempo atrás eu cogitei comprar um armário deste pois sofria falta de espaço para cobertores e edredons. E seria bom um armário em que eu pendurasse meus casacos compridos e eles não ficassem amassados, pois no que eu tenho a parte de pendurar roupa tem altura de camiseiro.

Só que ano passado a minha cama quebrou, eu comprei uma box baú e hoje, se o armário estiver arrumado (quase sempre está), até sobra espaço.

Aí, primeira coisa quando vi o armário foi ligar pro pai. "Alô, pai, vi um armário..." "Nossa, Amélia, eu acho excelente. Está mesmo em bom estado?" "Sim, pai, está perfeito. Mas eu não estou precisando de um armário. Seria uma oportunidade boa de por um armário naquele quarto do meio..." "Faz uma coisa, liga pra sua mãe." "Ah não vou ligar não. Minha mãe vai dizer que é pra comprar porque é uma boa oportunidade e eu ainda não me convenci de que eu preciso dele." Meu pai riu, é claro, e disse que era pra eu pensar até amanhã. Mesmo porque um armário daquele não ficaria por muito tempo na loja.

Desliguei o telefone e contei do armário e da conversa para Regina, que é companheira de trabalho, anjo da guarda, mãe, educadora, cérebro, arquivo... Regina é tudo de bom. Aí ela me pergunta: "Mas você está precisando do armário?" E eu digo "Não." "Então por que você vai comprar?" "Porque é uma oportunidade." "Ah, então você está pensando igual a sua mãe."

Ponto. Fim de conversa. Não vou comprar o armário.

A questão não é concordar ou não com minha mãe, que é bem sensata até, e não é só ela que tem essa coisa de oportunidade, mas meu pai também tem, sendo que ele consome como homem - brinquedos mais caros e mais duráveis. É a ideia da OPORTUNIDADE. A ideia da oportunidade nos é apresentada como se fossemos perder algo muito valioso se deixarmos de comprar uma determinada coisa. É difícil pensar em necessidade quando se está diante de uma oportunidade. Nem sempre compra por oportunidade é uma compra burra. Já me arrependi MUITO de não ter comprado quando tive oportunidades boas de preço, de tamanho, de exclusividade.

Mas eu não preciso do armário. Definitivamente eu não preciso do armário. E se amanhã eu precisar, eu dou um jeito e compro um. Mas hoje, eu não preciso. E também não preciso encher minha casa de coisas que talvez um dia eu precise. Dosar oportunidade e necessidade pode ser uma boa saída para consumir menos.

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